É possível empreender com inovação no Brasil? De acordo com o húngaro Miklos Grof, sim. “É difícil, mas não impossível”, comenta. À frente da Startup brasileira CNPJFácil, que ajuda as novas empresas a se organizarem burocrática e financeiramente, ele foi o moderador da mesa “Como começar uma empresa de inovação em 2018?”, durante a Feira do Empreendedor do Sebrae-SP 2018.
Ao lado dos empresários Arthur Garutti, da aceleradora Ace, e Thiago Pereira, da Advisor BPO, Miklos reuniu dicas de como todo novo empreendedor deve se organizar para colocar sua ideia em prática com segurança, ou ainda ter estrutura para negociar com potenciais investidores. “O que todo mundo precisa ter em mente é que será preciso mudar o estilo de vida no início”, conta.
Quando saiu do emprego em Londres para empreender no Chile, Miklos precisou minimizar ao máximo todos os seus custos. Para isso, colocou tudo no Excel e mensurava mês a mês o que poderia ser ajustado. “Até a quantidade de cerveja que eu tomava com os amigos precisou ser reduzida”, brinca.
Confira os principais pontos para começar um negócio inovador:
1 – Reduza os custos ao máximo Segundo os empresários, é ilusão acreditar que será viável manter o padrão de vida nos primeiros anos do negócio. O ideal é reduzir ao máximo os custos, cortar luxos e estabelecer prioridades. Enxugando ao máximo o orçamento mensal, é possível prolongar a durabilidade do investimento inicial, o que ajuda a empresa a ter mais estrutura para se estabelecer. Além disso, nos primeiros meses é bastante comum que o quadro de profissionais seja composto apenas pelos sócios. Por isso, a pessoa terá que fazer de tudo: da estratégia de negócios ao trabalho braçal. “O mais importante nesse momento é ter força de vontade, será preciso abrir mão de muita coisa para empreender”, comenta Thiago Pereira, da Advisor BPO.
2 – Quando colocar o produto no mercado O ideal é que ele esteja na fase do MVP (Minimum Viable Product ou Mínimo Produto Viável). “É aquele produto que você tem vergonha de colocar no mercado”, brinca Arthur Garutti, da Ace. Em linhas gerais, isso significa que se o produto já foi validado pelo cliente, mesmo que ele ainda não esteja acabado do jeito que você espera, já pode ser colocado no mercado. “Crie uma página que mostre o potencial de vender bolos, por exemplo. Se alguém pedir o bolo, você faz e entrega”, comenta Arthur. Do contrário, quando espera muito para dar início à empresa, a pessoa corre o risco de ver um concorrente chegar primeiro e “roubar” sua ideia.
3 – Quanto dinheiro preciso guardar para me dedicar ao negócio? Antes de mais nada, é preciso reformular o estilo de vida. Corte gastos superficiais e outros luxos e atenha-se ao básico. Em seguida, com essa nova projeção de valor mensal, o indicado é ter dinheiro guardado para 18 meses. “Vai demorar para o negócio começar a ser lucrativo e os fundadores vão precisar se dedicar em tempo integral”, comenta Miklos.
4 – É preciso ter um sócio ou posso empreendedor sozinho? O ideal é que a empresa tenha ao menos dois sócios, e que eles sejam complementares. Isso significa que se um tem mais habilidades comerciais, o outro deve ser mais técnico. “Temos uma crença muito forte de que empreendedores solitários não criam empresas de alto impacto”, comenta Arthur Garutti.
5 – Quais as habilidades de um bom empreendedor? Existem duas universais, segundo os palestrantes: capacidade de empatia e humildade. A primeira é essencial para conseguir se colocar no lugar do cliente, do funcionário e do investidor - e deixar de ser o "dono da razão". A segunda, é uma forma de garantir que, após o sucesso, você não descuide do negócio e comece a perder a liderança. “O próprio empreendedor precisa achar que o negócio nunca será bom o suficiente”, comenta Garutti.