1. Evite trazer a crise para dentro da empresa “O Brasil tem complexidades que em outros lugares já estão mais bem resolvidas. Apesar disso, tenho visto número e qualidade evoluindo – há um novo fluxo de empresas querendo entrar no mercado. Hoje, tem uma vantagem em se trabalhar com startup: não tem crise. A conversa é diferente da de empresas grandes. O que você escuta é “quero crescer 200% esse ano”, e ninguém se preocupa quanto está o dólar. Se a gente parar para discutir a crise, a gente desiste. É algo que eu sempre evitei. Como empreendedor, você não gere variáveis macroeconômicas, você gere um grupo de pessoas. É saudável participar da discussão da crise, mas não levá-la para a empresa”.
2. Aproveite o potencial brasileiro de baixa competitividade “Ainda existe oportunidade de crescimento no Brasil em muitas áreas, além de que temos uma classe média muito robusta. As empresas grandes não conseguem resolver alguns problemas que uma empresa pequena pode resolver. Em empresa menor, você tem muito mais flexibilidade, principalmente em termos de receita. É possível pegar uma avenida menos movimentada. No ecossistema empreendedor americano, por exemplo, seria muito mais difícil se diferenciar. Aqui, há um menor contingente de pessoas tentando atingir os mesmos mercados”.
3. Riscos existem sempre, priorize a alocação de recursos “Os riscos não necessariamente são agravados em um momento de crise. O empreendedor só tem que se preocupar com uma coisa: não ter caixa. É a única coisa que mata a empresa. Você pensa: ‘tenho caixa pra passar qualquer momento de aperto? Beleza. Talvez então eu tenha que crescer ou contratar menos, ser mais espartano nos investimentos, mas não preciso parar de crescer’. É impossível encolher a empresa para a grandeza. De forma bem básica, estratégia é alocação de recursos: gente e dinheiro. É preciso estabelecer objetivos para as pessoas, com recursos financeiros alocados para isso. Se der errado, tem aqui guardado pra um outro investimento”.
4. Fomente uma cultura de atenção às pessoas e inovação “Na minha carreira, sendo formado em finanças, a maior dificuldade foi sair da posição de analista para gerente de planejamento. Eu deixei de ser um cara técnico para gerir caras como eu. Era um exercício muito difícil, mas só tinha um jeito de eu crescer na carreira: ter alguém que pudesse me substituir eventualmente. Qualquer chefe tem uma limitação: são as 24 horas do dia. Se ele quer tomar todas as decisões, não dá certo. Se ele consegue fazer com que outros tomem decisões e aceita conviver com erros, ele cresce. Isso porque para não cometer erros, o funcionário se esconde em um canto: não corre risco e a empresa fica estagnada. A criação de uma cultura organizacional que permite a inovação é um processo constante. Quanto mais as pessoas sabem o que é esperado delas, mais eficiente é o processo. Você precisa deixar tudo bem transparente. A pessoa se sente ‘autorizada’ a correr riscos. Se ele erra, a pergunta deve ser ‘ok, erramos, o que vamos fazer agora?’. Se você fala ‘seu burro, por que não conseguiu?’, já era – da próxima vez, ele não tenta”.
Fonte: Endeavor @ https://endeavor.org.br/crescer-durante-crise/