O mundo vem passando por drásticas transformações sociais, econômicas, tecnológicas e culturais. Para não perecer diante de tantas mudanças, as empresas precisam se adaptar. Por isso, têm buscado cada vez mais lideranças com novos perfis, capazes de estabelecer novos valores, padrões e direcionamentos visando ao sucesso das operações em meio aos desafios do contexto atual.
Autora de O Poder dos Times AAA, a consultora organizacional e coach executiva Caroline Marcon destaca no livro que a força da liderança, assim como a gravidade, age de cima para baixo, influenciando o comportamento do time executivo e da empresa de um modo geral. Dessa forma, segundo a especialista, quem for contratar um novo CEO precisa estar ciente de quais são seus estilos ou padrões de comportamento recorrentes, pois estes irão exercer forte influência sobre todos os pontos da cadeia.
De acordo com Marcon, que também atua como professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP, são seis os principais estilos de liderar. Ela os apresenta abaixo, apontando as circunstâncias nas quais cada um é mais apropriado:
1) Estilo coercitivo
Esse é um estilo que tem como fundamento o controle sobre os outros. “O líder atua no clássico estilo de ‘comando e controle’, dirigindo a equipe para entregar resultados de curto prazo”, explica a especialista. Desse modo, o líder coercitivo é apropriado para situações críticas, quando, sobretudo, é preciso agir para evitar que os problemas se tornem maiores. “Trata-se do mais agressivo de todos os estilos, por isso deve ser usado com moderação”.
2) Estilo visionário
Marcon destaca que o foco do estilo visionário é sobretudo as pessoas. “O líder dotado desse estilo persuade emocionalmente os colaboradores para realizar o propósito da empresa, e para isso confere clareza às situações, explicando os ‘porquês’ da conduta. Em suma, o líder visionário cria significado e comprometimento, conduzindo as pessoas à ação”, diz. De acordo com a consultora organizacional, um CEO com esse estilo é fundamental para encorajar os membros das equipes a tomarem decisões complexas de negócios, elevando, assim, o nível dos times executivos.
3) Estilo afetivo
A coach executiva comenta que líderes afetivos priorizam a manutenção de um ambiente harmônico de trabalho e têm um olhar compassivo sobre os liderados. Como são dotados de alta inteligência emocional, usam essa habilidade para construir confiança e segurança psicológica: “O impacto deles é muito positivo em situações de estresse e vulnerabilidade, pois o capital emocional e a confiança que esse estilo oferece permite que os times se recuperem mais rápido de adversidades e fiquem mais tempo na zona de alta performance”.
4) Estilo democrático
A principal característica do líder democrático, conforme Marcon, é fazer com que as pessoas trabalhem em equipe de maneira produtiva. “Quem possui esse estilo de liderança não resolve tudo sozinho, busca sempre promover a tomada de decisão colaborativa, fazendo com que os integrantes da equipe pensem sobre os problemas e as soluções sob diversos ângulos, debatam alternativas e desafiem premissas para alcançar o conceito da melhor maneira possível”, define.
5) Estilo modelador
O líder dotado desse estilo tende a ser intolerante e perfeccionista, segundo a especialista. Por isso, costuma ter grande dificuldade para delegar tarefas, acabando por resolver os problemas sem o auxílio de ninguém. “Esse jeito centralizador não raramente torna o ambiente de trabalho desmotivador e por vezes improdutivo, já que, por serem autossuficientes, líderes modeladores dedicam pouco tempo esclarecendo os objetivos das tarefas ou dando feedback”, destaca Marcon. Mas por primar pelo pragmatismo e por assumir a persona de um herói, o líder modelador acaba por atingir bons resultados – embora de curto prazo.
6) Estilo treinador
Os líderes do tipo treinador inspiram os profissionais que trabalham sob sua tutela. De acordo com a coach executiva, a paixão que o líder treinador tem por ajudar a expandir o potencial das pessoas e sua predileção por feedbacks faz com que seus liderados reflitam sobre pontos fortes e áreas a serem desenvolvidas, tornando-se melhores profissionais. “Junto com o estilo visionário e o democrático, o estilo treinador completa o triângulo dos estilos altamente efetivos que o CEO precisa desenvolver para criar um time de alta performance”, ressalta.
Marcon salienta ainda que dificilmente um líder adota apenas um estilo em seu trabalho. Dependendo da situação, segundo a especialista, líderes efetivos combinam vários estilos para gerar o impacto desejado. “Por exemplo, podem fazer uso de um estilo para dar clareza ao propósito, um segundo estilo para auxiliar o time a aumentar a produtividade em 50% e um terceiro para ajudar no desenvolvimento de um membro da equipe”, explica. Assim, é importante que as lideranças saibam incorporar os diversos estilos, porque dessa forma acrescentam flexibilidade e capacidade de adaptação aos seus repertórios, aumentando as chances de engajar os times para alcançar os melhores resultados.
Por Redação
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